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2º FAST FASHION

Apesar dos benefícios a curto prazo, como maior rentabilidade, geração de empregos e produtos a custo acessível, é necessário olhar para o sistema com responsabilidade, ciente dos impactos no meio ambiente e nos hábitos de consumo – por Mariana Bittu


O consumo de roupas na tentativa de estar “na moda” é um comportamento comum. O termo é de 1990, mas a “fast fashion” teve início nos anos 70, com a chamada crise do petróleo. Com a proibição do comércio de petróleo para os EUA e alguns países europeus, as empresas têxteis inventaram essa nova estratégia para saírem da crise e conseguirem escoar a produção e expressar a alteração cada vez mais veloz da moda por grandes empresas.

Até o século 18, a confecção de roupas era algo demorado, que demandava estudos relacionados aos tecidos e materiais, além de técnicas de manipulação, e isso custava tempo e dinheiro. Por essa razão, era comum que as peças fossem feitas para ter uma maior duração. Em 1970, com a Revolução Industrial, os processos foram sendo facilitados o que possibilitou a produção de roupas em maior velocidade e quantidade.

Rapidamente a “fast fashion” se tornou um fenômeno entre o público e se expandiu por todo o mundo. A indústria da moda tem crescido muito e ganhado cada vez mais seguidores, representando cerca 2% do PIB global.

Em resumo, o conceito de “fast fashion” é definido pela produção rápida e em grande escala das roupas. Além do consumo exagerado e frenético, o descarte das peças é também muito rápido. As peças possuem preços acessíveis e baixa qualidade, de modo a garantir que a tendência de moda do momento chegue mais depressa, atingindo um grande número de pessoas.

As peças “fast fashion” são utilizadas, em média, menos de cinco vezes pelo usuário, e geram 400% mais emissões de carbono do que peças comuns, que são utilizadas 50 vezes. Mas a produção de roupas não polui apenas com emissão de carbono. Para produzir fibras têxteis é preciso desmatar, utilizar fertilizantes, agrotóxicos, extrair petróleo e transportar, entre outras formas de poluição. O algodão, por exemplo, fibra natural mais usada do mundo, consome 11% de todos os pesticidas e 25% dos inseticidas do planeta. Além disso, muitas vezes são utilizadas tinturas tóxicas que podem liberar metais pesados que prejudicam o equilíbrio do ecossistema.

Além disso, a produção em larga escala feita pelo modelo “fast fashion” é um problema social. O preço dessas roupas é mais baixo justamente porque o custo também é barato, o que incentiva o trabalho escravo e/ou a mão de obra em condições precárias.

Por fim, é preciso falar sobre como a “fast fashion” afeta a mentalidade do consumidor. O consumismo exagerado é compulsão, que gera sofrimento, angústia, tristeza e raiva.

Como já citado, para além dos impactos gerados na produção, também existe o problema do descarte. Com um ciclo de vida tão curto, muitas peças vão parar precocemente em aterros e lixões. Além do problema de volume de lixo, a fibra têxtil mais empregada na produção “fast fashion” é o poliéster, um plástico que demora em torno de 200 anos para se decompor.

Em contrapartida a todos esses problemas gerados pela “fast fashion”, o movimento “slow fashion” vem ganhando força. Esse sistema de produção prioriza o consumo consciente, a sustentabilidade e valorização da produção. Isso significa que as peças são confeccionadas com matéria prima de melhor qualidade e menos prejudicial ao meio ambiente.

Em suma, a “slow fashion” também busca uma maior valorização da moda e das roupas, prezando pela utilização de materiais recicláveis e tecidos orgânicos em sua confecção, além de buscar transparência em suas relações de trabalho. Dessa forma, a moda se tornaria algo cíclico, e não finito.



Por Mariana Bittu

Engenheira Ambiental e Pós-Graduada em Engenharia de Segurança do Trabalho




 
 
 

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